“A evolução da espécie segundo Maria de Betânia”, Maria de Betânia na Objectos Misturados
Maria de Betânia é uma artista plástica que costuma viver e trabalhar por Lisboa. Talvez para colmatar a sua dificuldade com as palavras, talvez para corresponder ao forte incentivo da sua família, foi descobrindo e desenvolvendo habilidades nos campos do desenho e da pintura. Já crescida, desistiu do sonho pouco fecundo de ser arquitecta e seguiu os seus estudos pela Pintura na antiga Academia Real de Belas-Artes de Lisboa. Durante esses anos, para além de usar tintas e pincéis próprios dos artistas pintores, aprendeu também as artes da escultura cerâmica, superando a sua antiga aversão à super matéria plástica que vem da terra. Em boa verdade, esta aversão tornou-se numa paixão e desde então que Betânia vem a construir o seu percurso artístico essencialmente nesta disciplina. Tirando todos estes factos irrelevantes, Betânia é uma pequena moça que adora usar saias e vestidos, com um fascínio por azul cobalto, que se interessa pela Arte da Pré-História e pelas coisas que se avistam no céu. Fruto destas suas rigorosas observações celestes-extra-intra-terrestres, surge “A evolução da espécie segundo Maria de Betânia”, uma exposição de cerâmica contemporânea onde Betânia revela parte do seu animalário pessoal. Animalário este que se encontra bem distante do nosso querido cão de louça ou da enorme colecção de animais de cores vibrantes e brilhantes de tradição bordalliana… Numa clara referência à teoria evolucionista de Darwin, vamos assistir a um silencioso circo de loiça cheio de animais mutantes, criaturas híbridas, estéreis, que habitam uma outra Terra: aquela Terra invisível, interminável, imensurável que contém a Vida e a Morte. É que as mutações destes indivíduos foram causadas por factores internos a estes, as suas mudanças externas correspondem a tentativas de adaptação e adequação a movimentos estranhos que ocorrem algures no interior de cada um. ••
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